Resumo Executivo – Análise da Cobertura da Imprensa sobre Mulher e Trabalho
(2011)
Realização:
ANDI – Comunicação e Direitos; Instituto Patrícia Galvão e Observatório Brasil da Igualdade de Gênero.
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Como os veículos noticiosos brasileiros abordam a presença da mulher no mercado de trabalho? A fim de identificar o comportamento da imprensa ao tratar desse segmento, que atualmente representa quase metade da população economicamente ativa no País, a ANDI – Comunicação e Direitos e o Instituto Patrícia Galvão realizaram estudo pioneiro na área.
A pesquisa, que integra projeto vinculado ao Observatório Brasil de Igualdade de Gênero (Eixo Comunicação e Mídia), da Secretaria de Políticas para as Mulheres, visa contribuir para o entendimento de como as questões relacionadas às mulheres e à igualdade de gênero vêm sendo apresentadas pelos meios de comunicação no Brasil.
Para isso, foi analisada a produção editorial de 16 veículos impressos – incluindo todos os diários cuja circulação se dá em âmbito nacional e também veículos de cada uma das cinco regiões brasileiras – ao longo de 2010. Os dados revelam que a imprensa costuma tratar o tema a partir da abordagem de trajetórias profissionais individuais, deixando em segundo plano a discussão mais ampla e contextualizada das questões do mundo do trabalho, ou seja, a abordagem de políticas públicas e de marcos legais, e mesmo dos desafios que ainda se fazem presentes na área – tais como a dupla jornada feminina e a desigualdade de salários entre homens e mulheres.
Mulheres de destaque em seus ramos de atuação ou cujas trajetórias estão ligadas ao gênero — ou seja, o fato de ser mulher criou obstáculos a serem vencidos ou, ao contrário, abriu oportunidades de ocupação – constituem o principal aspecto abordado pelos jornalistas ao cobrirem o tema Mulher e Trabalho em 2010.
Segundo levantamento coordenado pela ANDI, 28,54% dos textos destacam trajetórias profissionais, tanto de trabalhadoras em geral quanto de personalidades da área cultural ou esportiva, por exemplo.
As questões vinculadas ao mercado de trabalho – tais como emprego/desemprego, diferenças salariais, dificuldade de acesso – foram foco de atenção em 24,94% dos textos.
A presença da discussão referente à tipificação das tarefas femininas e masculinas foi, destacada em 10,86% do noticiário sobre o tema – o que revela uma certa preocupação da imprensa em discutir as atividades consideradas do universo feminino ou masculino, em contraponto a ideia, por vezes naturalizada, de que cabem às mulheres trabalhos relacionados ao papel de “cuidadoras” (como empregadas domésticas ou secretárias), enquanto os homens devem se dedicar a atividades de liderança.